Na sequência do último post (que podes ler aqui), e como prometido, vou abordar as 10 “leis” ancestrais que, no fundo, resumem o modo de vida dos nossos antepassados caçadores-coletores. Se quiseres ler mais acerca deste assunto, podes ler o livro “Energia paleo”, do Mark Sisson, que é a versão portuguesa do seu livro Primal Blueprint.
Espero que este conhecimento te ajude a fazer escolhas importantes no que respeita ao estilo de vida, com base no modelo de vida dos nossos ancestrais, no sentido da promoção da saúde e do bem-estar ideais.
Antes de te apresentar as 10 “leis” ancestrais tal como descritas por Mark Sisson, quero apresentar-te, nesta Parte I, as suas premissas de base, que considero ser muito interessantes e uma excelente base de reflexão.
Por Mark Sisson
As “leis” ancestrais são um conjunto de instruções simples que te permitem controlar como os teus genes se expressam, a fim de construíres o corpo mais forte, mais magro e saudável possível, com base em pistas da biologia evolucionária.
Às vezes ficamos tão perdidos na ciência da biologia humana que simplesmente não vemos a floresta para além das árvores. Negligenciamos a simplicidade e a facilidade com as quais todos nós poderíamos obter saúde e condicionamento físico excecionais.
Viver na sociedade moderna é extremamente complexo. Com conquistas diárias incompreensíveis feitas em ciência, tecnologia e medicina, e com uma base de conhecimento cada vez maior que se torna cada vez mais esotérica e especializada, não é de admirar que procuremos soluções científicas complexas para problemas que realmente requerem respostas simples. Um dos melhores exemplos é a enorme – e dispendiosa – corrida para identificar todas as novas variações genéticas possíveis (ou SNPs – Polimorfismo de nucleotídeo único) dentro do genoma humano que possam predispor alguns de nós a certas condições de saúde. Dificilmente passa uma semana sem um novo anúncio da descoberta de um gene chamado “defeituoso” que aumenta o risco de alguém ou de algum grupo de ser obeso, de contrair cancro, de desenvolver diabetes tipo 2 ou artrite. O efeito líquido de todos esses anúncios e das manchetes das notícias sensacionalistas é que muitos de nós nos acostumámos a culpar a nossa infeliz herança desses genes “defeituosos” pela nossa condição de saúde. Como se não bastasse abdicarmos aqui da responsabilidade, fazemos figas e fechamos os olhos e esperamos que os cientistas possam criar “respostas” farmacêuticas à nossa condição particular antes que seja tarde demais. Na maioria dos casos, bastam alguns ajustes no estilo de vida para abordar todas as variações genéticas, com exceção das mais graves. Sim, concordo que existem algumas doenças genéticas sérias que são melhor tratadas com drogas modernas, que salvam vidas, mas para a grande maioria das pequenas variações genéticas que existem em todo o genoma humano, o verdadeiro factor decisivo para um determinado gene se expressar ou não de uma maneira particular, ou de todo, resume-se ao que comemos, como nos movimentamos, que tipo de ar respiramos, o que pensamos – por outras palavras, o nosso ambiente. A indústria farmacêutica não quer que acreditemos que a maioria dos nossos males pode ser resolvida tão facilmente, e assim milhares de milhões de dólares são gastos para desbloquear os chamados segredos do genoma. Enquanto isso, os verdadeiros segredos – e soluções – estão contidos no ADN de cada uma das nossas células.
A essência do Primal Blueprint é: A maior parte da vida é realmente muito mais simples do que a medicina moderna e a ciência gostariam que acreditássemos. Podemos ter um tremendo impacto na forma como os nossos genes se expressam, simplesmente fornecendo às nossas células os ambientes certos. Tudo o que precisamos é de um entendimento básico de como o nosso corpo funciona e um mapa filosófico simples que podemos usar para encontrar respostas para qualquer questão de saúde e fitness – quer isso signifique escolhas pessoais ou ajustes no estilo de vida ou que a intervenção médica possa ser apropriada. Com esta estratégia simples, poderás sempre examinar ou avaliar qualquer escolha de alimento, qualquer forma de exercício ou qualquer outro comportamento no contexto de como isso afeta os teus genes! Mesmo que decidas optar por uma “má escolha”, pelo menos saberás porque é má …
Podemos já ter uma compreensão bastante clara de como o genoma humano evoluiu para exatamente onde está hoje (ou há 10.000 anos, para ser mais preciso) com base nos factores ambientais e comportamentais sob os quais os nossos ancestrais viveram por meio da seleção natural. Dezenas de milhares de antropólogos, biólogos evolucionistas, paleontólogos, geneticistas e outros, trabalharam por mais de 100 anos para obter uma imagem bastante detalhada de todos os elementos que ajudaram a influenciar o nosso desenvolvimento como espécie. Ironicamente, quando examinamos todas as muitas influências e comportamentos ambientais que moldaram o nosso genoma, chegamos a uma lista muito simples de coisas gerais que os nossos primeiros ancestrais fizeram para se tornarem o que e quem eram e que permitiram que eles passassem 99,9% daqueles genes para nós. Em essência, esta lista é a “Planta Ancestral” (Primal Blueprint) original, uma vez que forneceu o único conjunto de comportamentos que eles conheciam – os comportamentos exatos que lhes permitiram moldar os seus corpos em seres saudáveis, robustos e felizes.
Mark Sisson
Fica atento ao próximo post para a Parte II.