A saúde duradoura começa aqui

Quando comecei a interessar-me pelo estilo de vida saudável, e no âmbito das minhas pesquisas sobre a chamada dieta Paleo, descobri, em 2015, o site Mark’s Daily Apple e o seu autor Mark Sisson (foi inclusivamente com ele que mais tarde vim a fazer a minha certificação como Primal Health Coach).

Ao subscrever a sua newsletter, recebi um conjunto de 7 lições que desvendam os fundamentos ancestrais para uma vida saudável no mundo moderno.

Tudo isto me fez enorme sentido e, por isso, trarei aqui a tradução destas lições para que vejas se, para ti, faz sentido também.

Lesson 1: Lifelong Health Starts Here – Lição 1: A saúde duradoura começa aqui

Por Mark Sisson

Vou perguntar uma questão e quero a tua resposta instintiva. Responde rápido!

Com é que alimentas um leão?

Carne.

Carne é a resposta obviamente correta. Alimentas um leão com carne crua. Penso que até o mais ardente vegan admitiria que é suposto que os leões comam carne.

Mas por que é “suposto” que eles comam carne? Como podemos determinar o que um ser vivo deve comer?

Obviamente, os leões são predadores. Eles caçam e comem presas em estado selvagem. Mas isso não é a história toda.

Os leões caçam e comem animais, e eles e os seus ancestrais felinos fazem isso há centenas de milhares de anos. Milhões até. Esta é a chave.

Caçar, matar e comer carne crua moldaram a evolução do leão ao longo de muitos milhões de anos. A composição genética do leão foi moldada pelo consumo de carne. Os seus dentes e garras são feitos para matar, o seu trato digestivo destina-se a processar proteínas e gorduras. Poderá até dizer-se que os genes do leão esperam a dieta de carne crua dos leões ancestrais e funcionam melhor com tal dieta. Pelo contrário, uma dieta que divirja drasticamente da dieta do leão ancestral provavelmente será prejudicial, com o grau de dano diretamente proporcional ao grau de divergência. Uma dieta vegetariana deixará o seu leão doente, fraco e provavelmente acima do peso; uma dieta vegan provavelmente matará o seu leão.

Ninguém argumentaria contra alimentar leões com carne crua e qualquer um que entenda o conceito de seleção natural concordaria que os leões funcionam melhor com uma dieta de carne crua porque evoluíram com uma dieta de carne crua.

Isto é válido com outros animais também. As vacas comem pasto, não carne. Os gatos, aqueles pequenos leões da casa, comem carne, não cereais e vegetais.

E os humanos? Os humanos comem nuggets de frango, refrigerantes e pão branco. Espera (som de disco a arranhar). Isto não está correto!

Os humanos também são animais. Podemos ser relativamente novos neste planeta, mas já cá estamos há 200 mil anos e os nossos ancestrais existem há milhões de anos. E por uns bons 190 mil anos, nós éramos caçadores-coletores, vivendo da terra, caçadores de animais de grande porte que se banqueteavam com plantas e animais.

Depois desenvolvemos a agricultura, e nos 9.900 anos seguintes, os cereais governaram a dieta humana.

Há 100 anos, a produção de alimentos foi industrializada, dando-nos o óleo vegetal, gorduras trans produzidas pelo homem e farinha branca e açúcar refinado baratos.

Podemos não saber exatamente o que os nossos ancestrais paleolíticos comiam dia após dia. Não temos menus ou registos de alimentos. Mas, com certeza, sabemos o que eles não comiam.

Os nossos ancestrais não comiam cereais, açúcar refinado ou óleos vegetais processados.

A questão com as pessoas é que somos inteligentes o suficiente para explorar tudo o que é oferecido pelo mundo natural. Não nos atemos apenas a uma fonte de alimentos, como os leões e as suas carnes ou as vacas e o seu pasto. Nós diversificamos. Escolhemos a vegetação comestível, caçamos animais grandes e pequenos, pescamos, escavamos raízes comestíveis e colhemos frutos silvestres dos arbustos. A grande variedade disponível dificulta a definição da dieta evolutiva específica para os humanos… mas isso não nos impede de saber o que não estava disponível.

Vejamos o que sabemos:

Os cereais não estavam prontamente disponíveis até que desenvolvemos a agricultura há cerca de 10.000 anos. Registos fósseis sugerem que a saúde humana sofreu um impacto com o advento da agricultura, tanto quanto se pode dizer a partir de ossos. Os agricultores eram mais baixos e tinham mais cáries, cérebros menores e ossos mais fracos que os caçadores-coletores. A expectativa de vida também diminuiu.

O xarope de milho rico em frutose e os óleos vegetais só foram disponibilizados nos últimos 100 anos, tendo o xarope de milho chegado há apenas 30 anos. Hoje, as pessoas estão mais gordas, mais diabéticas e têm mais cancro e doenças cardíacas do que as pessoas que viviam há 100 anos, mesmo tendo em conta as diferenças de expectativa de vida. A maioria, se não todas estas doenças, são diretamente atribuídas aos nossos estilo de vida e dieta modernos.

Se aceitamos que a biologia dos animais, como os leões, funciona melhor com as suas dietas ancestrais e evolutivas, o mesmo não seria provavelmente verdadeiro para os humanos?

Não deveríamos olhar com mais cuidado, com um pouco mais de ceticismo, para os alimentos que passaram a estar disponíveis para os humanos nos últimos 10.000, 1.000 e 100 anos? E pensar que talvez a carne, peixe, aves, nozes, sementes, frutas, raízes e tubérculos que estavam disponíveis para os caçadores-coletores por milhões de anos possam ser realmente bons para nós?

Isso é o que eu chamo de “lógica de Grok“. O Grok, o meu nome divertido para o antepassado arquetípico caçador-coletor, somos nós.

Nós somos o Grok. Bem, pelo menos, os nossos corpos querem ser. Os nossos genes “pensam” certamente que ainda estamos a caçar e a recolher, porque eles praticamente não mudaram nos últimos 10 mil anos. Os nossos genes esperam certas coisas, certos alimentos, certos níveis de atividade e certas quantidades de sono. Eles funcionam melhor quando expostos a condições iguais ou semelhantes àquelas sob as quais evoluíram.

E aqui está a questão sobre os genes. Os genes podem ser ligados e desligados. Eles podem ser expressos. Só porque “tens” um gene para, digamos, cancro de mama ou diabetes tipo 2, isso não significa que estás destinado a ter cancro de mama ou diabetes tipo 2. Significa simplesmente que, se for estimulado por algo no seu ambiente, esse gene se ligará (ou desligará) e terás uma hipótese maior (ou menor) de desenvolver a doença.

A isto se chama expressão genética.

As coisas que comemos, a quantidade de sono que temos, os nossos níveis de stress, como nos exercitamos, se temos ou não exposição à luz solar – todos esses factores ambientais podem desencadear a expressão genética – para o bem ou para o mal. E enquanto quase tudo o que fazemos pode desencadear a expressão genética, a lista de coisas a que realmente precisamos prestar atenção é bastante curta. De facto, pode ser resumida em 10 leis simples. (podes ler sobre isso aqui e aqui).

É por isto que gosto da lógica de Grok como ponto de partida quando penso na saúde humana. Tudo se resume a uma observação bastante simples. Quando os humanos começaram a desviar‑se do seu estilo de vida ancestral de caçadores-coletores, a sua saúde sofreu. Quando os alimentos industrialmente processados passaram a substituir os nossos alimentos naturais, a saúde sofreu ainda mais.

Hoje, as pessoas obtêm a maior parte das suas calorias a partir de cereais refinados, açúcar e óleos vegetais. Sujeitam-se a stress crónico, levam vidas sedentárias, trabalham em empregos que odeiam e vivem em ambientes fechados. Hoje, as pessoas têm mais diabetes, doenças cardíacas, cancro e obesidade do que nunca.

Correlação? Certamente.

Coincidência? Duvido.

Causalidade? Acho que vale a pena investigar.

Nas lições futuras, vamos fazer essas investigações. Vamos olhar para muitas das maneiras pelas quais os nossos estilos de vida modernos se desviam do nosso passado evolutivo e como a nossa saúde sofre por isso. Tudo, desde a comida que comemos, os sapatos que vestimos, o protetor solar que usamos, as cadeiras em que nos sentamos e o exercício que fazemos (ou não fazemos), tudo faz parte.

Penso que aprenderás muito sobre como recuperar a tua saúde e a dos teus seguindo as Leis Ancestrais e estimulando a expressão genética positiva, e acho que vais adorar o que aprenderes.

Fica atento à próxima lição.

Mark Sisson

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